Como havíamos prometido há um tempo atrás, vamos, de vez em quando, apresentar as peças da Marinha de Guerra Brasileira.
Antes da apresentação das peças, ai vai um breve histórico desta campanha da Marinha nas águas do Atlantico Sul. Acho interessante trazer à tona o mesmo, pois é bastante desconhecido da maioria, inclusive os que gostam da história do Brasil na Segunda Guerra.
"Iniciada
como um conflito europeu, a Segunda Guerra Mundial tomaria de assalto o
mundo. O Brasil, sob o governo de Getúlio Vargas, manteve-se neutro nos
primeiros anos da guerra. Quando, em fevereiro de 1942, os navios
mercantes brasileiros começaram a ser torpedeados em grande número, o
Brasil reforçou seu apoio aos Aliados. A ofensiva do eixo contra nossa
frota mercante culminou em agosto daquele ano, quando um único submarino
alemão afundou seis navios de bandeira brasileira, resultando na morte
de 607 pessoas, o que levou o Governo Vargas à declaração de “Estado de
Guerra” contra as nações do Eixo, em 31 de agosto de 1942.
A
missão da Marinha do Brasil, na Segunda Guerra Mundial, foi patrulhar o
Atlântico Sul e proteger os comboios de navios mercantes, que trafegavam
entre o Mar do Caribe e o nosso litoral Sul, contra a ação dos
submarinos e navios corsários alemães e italianos. Luta constante,
silenciosa e pouco conhecida pelos brasileiros.
A capacidade de
combate da Marinha do Brasil, no alvorecer do conflito, era modesta, se
comparada com as grandes esquadras em luta no Atlântico Norte e no
Pacífico. O nosso pessoal e os nossos meios não estavam preparados para
engajar com o inimigo oculto sob o mar, que assolava o transporte
marítimo no nosso litoral. Ingressaríamos em uma guerra anti-submarino
sem equipamentos para detecção e armamento apropriado, porém este
obstáculo não impediu que navios e tripulações lutassem desde as
primeiras horas daquele 31 de agosto, assumindo com entusiasmo os riscos
de um combate desigual.
A criação da Força Naval do Nordeste
(FNNE), pelo Aviso nº 1.661, de 5 de outubro de 1942, foi parte do
rápido e intenso processo de reorganização das nossas forças navais para
adequar-se à situação de conflito. Sob o comando do então
Capitão-de-Mar-e-Guerra Alfredo Carlos Soares Dutra, a recém-criada
força foi inicialmente composta pelos seguintes navios: Cruzadores Bahia
e Rio Grande do Sul, Navios-Mineiros Carioca, Caravelas, Camaquã e
Cabedelo (posteriormente reclassificados como corvetas) e os
Caça-Submarinos Guaporé e Gurupi. Receberia ainda navios que acabavam de
ser prontificados pelos nossos estaleiros e várias escoltas
anti-submarino cedidas pelos norte-americanos; constituindo-se na
Força-Tarefa 46 da Força do Atlântico Sul, subordinada a 4ª Esquadra
Norte-Americana, reunindo a nossa Marinha com a Marinha dos Estados
Unidos da América, que já lutava contra a ameaça submarina desde 1941. A
atuação conjunta com os norte-americanos trouxe meios navais e
armamentos mais adequados à guerra anti-submarina, proporcionando também
o indispensável treinamento para o nosso pessoal, habilitando-os a
operarem navios modernos com meios de detecção pouco conhecidos até
então, como o sonar.
Mas não só no Nordeste fazia-se sentir a
ação da Marinha do Brasil. A 25 de agosto de 1942, pelo Aviso 1351, foi
criado o Grupo de Patrulha do Sul, incorporando inicialmente os antigos
contratorpedeiros Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Sergipe. Mais
tarde, foram substituídos pelo Contratorpedeiro Maranhão e os
navios-mineiros, classificados como corvetas Cananéia e Camocim. A 24 de
abril de 1944, pelo Aviso 597, o Grupo Patrulha do Sul foi transformado
em Força Naval do Sul, mantendo o Contratorpedeiro Maranhão e
incorporando, no lugar das corvetas da classe C (transferidas para a
Força Naval do Nordeste), as da classe Felipe Camarão, e mais a Corveta
Jaceguai.
A ação prioritária para a Marinha do Brasil era a
escolta dos comboios de navios mercantes, e nesta missão cada navio
mercante que chegava ao seu porto de destino em segurança era uma
vitória alcançada. Vitórias diárias e silenciosas, que não produziram
manchetes nos jornais, mas mantiveram abertas as vias de comunicação
marítima no Atlântico Sul, provendo os Aliados de materiais estratégicos
essenciais para o esforço de guerra e mantendo a economia nacional
abastecida. Contudo, esta guerra cotidiana e silenciosa, incluiu 66
ataques de navios de guerra brasileiros a submarinos registrados pelos
próprios alemães e custou inúmeras vidas. As perdas brasileiras na
guerra marítima somaram 30 navios mercantes e três navios de guerra,
destes últimos dois, o Bahia e o Camaquã, eram componentes da FNNE. Nas
operações navais na Segunda Guerra Mundial, a Marinha do Brasil perdeu
486 homens.
Em 6 de novembro de 1945, concluída a sua missão, as
duas Forças regressaram ao Rio de Janeiro, a do Nordeste, sob o comando
do Contra-Almirante Alfredo Carlos Soares Dutra, e a do Sul, sob o
comando do Contra-Almirante Octavio Figueiredo de Medeiros. No dia 7 de
novembro, embandeirados em arco, as guarnições dispostas pela borda e
com vivas da Ordenança, os navios de guerra prestaram continência ao
Presidente da República, Dr. José Linhares, seguiu-se desfile das
guarnições dos navios que percorreu o seguinte itinerário: Rua Visconde
de Inhaúma, Avenida Rio Branco, Rua 13 de Maio, Largo da Carioca, Rua
Uruguaiana e, novamente Rua Visconde de Inhaúma e Arsenal de Marinha. O
Jornal do Brasil, datado de 8 de novembro de 1945, ao noticiar o
desfile, descreveu que “A cidade [Rio de Janeiro] viveu ontem um dos
mais belos espetáculos que já lhe foi dado assistir”.
Fonte: https://www.mar.mil.br/menu_h/noticias/regresso_das_forcas/nota_regresso_das_forcas.htm
Neste site, há algumas fotos também.
Composição das Forças:
FNN: CRUZADORES - 2 Bahia e Rio Grande do Sul
CORVETAS - 5 Carioca, Cabedelo, Caravelas, Camaquã e Cananéia (+3 EM 1944)
CAÇA-SUBMARINOS - 2 (+14 em 1943, sendo 8 csse Guaporé e 8 classe Javari, casco de madeira)
Tender Belmonte
CONTRAORPEDEIROS - 11 em 1944 (3 classe Marcílio Dias e 8 classe Bertioga)
O Bahia e o Camaquã acabaram sendo afundados durante a campanha, juntamente com mais um navio, totalizando 486 homens perdidos.
FNS: CONTRATORPEDEIRO - 1
CORVETAS - 2
Quanto às medalhas em si, temos as segintes informações:
FNNE
Criada pelo Decreto 35587, de 2 de junho de 1954, destinada a rememorar
os serviços que aquela Fôrça Naval prestou ao Brasil durante a Segunda
Guerra Mundial e a se concedida aos oficiais e praças que nela
efetivamente serviram, nos Estado Maior e menor de seu Comando ou
tripulando os navios que a constituírem.
Esta medalha, que repousa sobre uma âncora com a respectiva
boça ostenta no anverso a figura quimérica do leão marinho em atitude
agressiva simbolizando os mares onde a Fôrça Naval do Nordeste lutou
para assegurar a integridade da honra da Pátria. No reverso a legenda
Fôrça Naval do Nordeste-1942-1945.
Por meio de um passador adornado com dois golfinhos
estilizados, a medalha pende uma fita branca, com duas listas verdes.
As passadeiras correspondentes as medalhas de ouro e prata
será fixada uma pequena palma do metal em que a medalha for cunhada. A
medalha de ouro será usada pendendo de um colar de fita preso ao
pescoço.
As demais serão presas ao peito, do lado esquerdo.
A concessão da Medalha Fôrça Naval do Nordeste era feita de acordo com o seguinte critério:
a) Ao oficial que comandou a F.N.N.E. durante a 2ª Guerra Mundial - será conferida a medalha de ouro.
b) Ao chefe do Estado Maior da FNNE e aos comandantes
dosnavios que a constituiram serão conferidas medalhas de prata.
c) Aos oficiais e praças que, designados para servir na FNNE,
efetivamente prestaram serviços de guerra, quer embarcados em seus
navios como membros que sua tripulações, quer servindo nos Estados
Maior e menor do Comando da Fôrça - serão conferidas as medalhas de
bronze.
FNS
Criada pelo Decreto 35586 de 2 de junho de 1954 era destinada a
rememorar os serviços que aquela Fôrça Naval e o Grupo Patrulha do Sul
prestaram ao Brasil durante a Segunda Guerra Mundial e a ser concedida
aos oficiais e praças que nela efetivamente serviram, nos Estados Maior
e menor de seu comando ou tripulando os navios que a constituiram.
Esta medalha, que repousa sobre uma ancora com a respectiva
boça ostenta no anverso a figura quimérica do leão marinho em atitude
agressiva, simbolizando os mares por onde a Força Naval do Sul lutou
para assegurar a integridade da honra da Pátria. No reverso, a legenda
FORÇA NAVAL DO SUL 1942 a 1945.
Por meio de um passador adornado com dois golfinhos estilizados,
a medalha pende de uma fita formada de três listas iguais, sendo
branca a do centro e azuis as dos extremos. Na lista branca, há duas
verdes igualmente afastadas das bordas.
A concessão da Medalha Fôrça Naval do Sul era feita de acordo com o seguinte critério:
a) Ao oficial que comandou a F.N.S.. durante a 2ª Guerra Mundial - será conferida a medalha de ouro.
b) Ao chefe do Estado Maior da FNS e aos comandantes
dos navios que a constituiram, serão conferidas medalhas de prata.
c) Aos oficiais e praças que, designados para servir na FNS,
efetivamente prestaram serviços de guerra, quer embarcados em seus
navios como membros que sua tripulações, quer servindo nos Estados
Maior e menor do Comando da Fôrça - serão conferidas as medalhas de
bronze.
À esquerda, a FNS em bronze (mais rara) e à direita, a FNNE, também em bronze.